O mistério do destino de Riley em The Last of Us
Poucos personagens tiveram uma influência tão marcante em The Last of Us quanto Riley Abel. Ela não só foi a melhor amiga de Ellie, mas também seu primeiro grande amor, representando a última faísca de juventude e inocência que restava em um mundo destruído. Quem assistiu ao episódio 7 ficou preso no dilema: o que realmente aconteceu com Riley? A série deixa pistas, mas recusa qualquer resposta direta – o tipo de decisão que mexe com o público e alimenta debates online.
Ellie e Riley se reencontram de surpresa quando Riley retorna para o dormitório de Ellie após sumir misteriosamente por semanas. Só que em vez de uma conversa trivial, a noite se transforma em uma aventura proibida, com as duas cortando caminho por uma Boston abandonada, driblando patrulhas da FEDRA e, enfim, indo parar em um shopping esquecido – um presente de despedida de Riley para a amiga.
No mall, as duas vivem momentos de rara leveza dentre máquinas de arcade, fotos engraçadas e uma dança que diz mais do que mil palavras. Os olhares e toques, até então tímidos, finalmente saem do campo da sugestão. Quando Ellie toma coragem e beija Riley, as duas compreendem ali a intensidade daquele laço – e as consequências de se apegar a alguém nesse mundo sem garantias.

Um final sem respostas e como isso define Ellie
A alegria dura pouco: surge um infectado e o confronto é inevitável. As duas, machucadas e mordidas, logo percebem a sentença de morte que receberam naquela noite. Em vez de se despedirem, escolhem enfrentar juntas – esperando o fim, seja qual fosse. Mas, com Riley, o roteiro pausa. Não há cena de sua transformação, nem sangue, nem adeus explícito. Só a Ellie que sobrevive sozinha, guiada pela dor e culpa por aquilo que não tem volta.
Essa escolha narrativa feita por Craig Mazin e Neil Druckmann muda tudo. O foco não é no gore; é nos traumas de Ellie. O silêncio de Riley ecoa ao longo do jogo e da série. Repare como Ellie evita relatar o que houve e como seu passado a deixa arredia em relação aos Fireflies ou à própria Marlene, que passa a cuidar dela após a tragédia para depois colocá-la como peça central de uma missão que pode decidir o futuro da humanidade.
Riley vira uma presença fantasma nas escolhas de Ellie. Vira culpa, vira revolta, vira combustível para correr riscos, duvidar dos outros e, principalmente, resistir a virar mais uma peça sacrificada por um ideal maior. Essa camada extra faz de Ellie uma das personagens mais complexas do universo dos games. Nos bastidores, Druckmann já deixou escapar que a história de Riley Abel pode ganhar novos contornos e memórias nos próximos capítulos da série, deixando a comunidade atenta a qualquer detalhe e alimentando a esperança em revisitar a amizade que mudou a vida (e o coração) de Ellie.