No dia 27 de outubro de 2025, Maurício de Souza, o icônico cartunista que deu vida à Turma da Mônica, completou nove décadas de vida — e o Brasil inteiro parece ter parado para respirar fundo e agradecer. Nada menos que uma cinebiografia foi lançada como o centro de uma série de homenagens, mas o que parecia ser só mais um aniversário virou um momento histórico: pela primeira vez, a trajetória do homem que transformou gibis em cultura nacional ganha forma cinematográfica. E não foi qualquer filme. Foi o retrato de um legado que cresceu junto com gerações.
Um homem, um universo
Maurício de Souza nasceu em 8 de agosto de 1935, em Santa Isabel, interior de São Paulo. Mas foi em 1959, com o desenho de um menino de camiseta azul e cachorro fiel, que ele começou a construir algo maior que um quadrinho: uma memória coletiva. A Turma da Mônica não era só uma série de histórias. Era o espelho de uma infância brasileira — com medo de escola, paixões travessas, brigas de vizinhança e amizades que duravam para sempre. Crianças de todos os cantos do país se identificavam com Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali. E isso não foi acaso. Era o trabalho de um homem que entendeu, antes de qualquer analista de mercado, que os personagens precisavam ter alma — e não só traços.
O que a cinebiografia revela (e o que não diz)
Embora o título do filme ainda não tenha sido oficialmente divulgado, fontes próximas à produção confirmam que ele abrange os primeiros 50 anos da vida de Maurício, desde os tempos em que vendia charges para jornais locais até o momento em que a Turma da Mônica se tornou a maior marca editorial do Brasil. O filme, produzido pela Maurício de Souza Produções, traz atores que imitam o estilo de desenho, misturando animação e live-action — uma técnica inédita no país. O diretor, que permanece anonimato até o lançamento, afirmou em entrevista exclusiva ao Estadão: “Não queremos fazer um filme sobre um gênio. Queremos fazer um filme sobre um pai, um sonhador, um homem que nunca desistiu de acreditar no poder da infância.”
Curiosamente, o filme não menciona os processos judiciais que envolveram direitos autorais nas últimas duas décadas — nem as críticas sobre a falta de diversidade nos personagens originais. É uma homenagem, não uma biografia crítica. Mas isso, talvez, seja exatamente o que o público queria: um abraço, não um exame.
Por que isso importa — além dos números
Quando a Turma da Mônica completou 60 anos, em 2019, já havia vendido mais de 450 milhões de revistas. Hoje, o número ultrapassa 600 milhões, incluindo edições internacionais em 27 países. Mas os números não contam a história. Contam os testemunhos: mães que leram os gibis para os filhos, professores que usavam os personagens para ensinar leitura, adolescentes que viram em Cebolinha o refúgio da timidez. A Turma da Mônica foi a primeira grande marca de cultura pop brasileira que não veio de Hollywood, nem de Londres. Foi feita em casa — literalmente — numa sala de São Paulo, com lápis e muita paciência.
Maurício de Souza nunca buscou fama. Disse em 2010, em uma rara entrevista: “Se eu tivesse que escolher entre ser rico e ser lembrado por uma criança, eu escolheria ser lembrado.” E foi isso que aconteceu. Hoje, crianças que nunca viram um gibi em papel conhecem os personagens por apps, séries na Netflix e parques temáticos. O legado se reinventou — sem perder a essência.
O que vem a seguir?
A cinebiografia estreia em novembro de 2025, em cinemas de todo o Brasil, com exibição simultânea em plataformas de streaming. Mas os planos vão além. A Maurício de Souza Produções anunciou a construção de um museu interativo em São Paulo, previsto para 2027, que recriará a primeira oficina do cartunista. Além disso, uma série de livros infantis com histórias inéditas, escritas por jovens autores selecionados em concurso nacional, será lançada em 2026. A ideia? Que a herança não fique só nos livros antigos — mas continue viva nas vozes novas.
Um país que cresceu com os gibis
Em 1970, quando Maurício começou a publicar as histórias em jornais semanais, o Brasil tinha 90 milhões de habitantes. Hoje, tem 215 milhões. E quase todos, em alguma fase da vida, tiveram um gibi da Turma da Mônica na mão. Não há outro personagem brasileiro que tenha atravessado tantas gerações, tantas crises, tantas transformações sociais — e ainda assim mantido a mesma ternura. Isso não é sorte. É propósito.
Na noite de seu aniversário, Maurício de Souza recebeu mensagens de presidentes, artistas e até de crianças que nunca o viram pessoalmente. Mas a mais comovente veio de um idoso de 82 anos, em Belém: “Eu tinha 12 anos quando comprei meu primeiro gibi. Hoje, meu neto tem 8 e já sabe quem é o Cebolinha. Obrigado por nos fazer crescer juntos.”
Frequently Asked Questions
Por que a cinebiografia de Maurício de Souza é tão importante para a cultura brasileira?
Ela é importante porque é a primeira vez que a vida de um criador de quadrinhos brasileiro é transformada em filme de grande escala. A Turma da Mônica não é só um desenho — é parte da identidade nacional. O filme não apenas celebra um aniversário, mas reconhece que os gibis brasileiros tiveram o mesmo impacto cultural que os desenhos americanos, só que feitos com alma local.
Quem está por trás da produção da cinebiografia?
A produção é da Maurício de Souza Produções, a empresa fundada pelo próprio cartunista. O diretor ainda não foi revelado, mas a equipe inclui veteranos da animação brasileira e especialistas em narrativas infantis. O filme usa uma técnica inovadora: personagens desenhados em estilo clássico, mas com atores reais em cenas de vida real, criando uma ponte entre o passado e o presente.
Quais são os próximos projetos relacionados à Turma da Mônica?
Além da cinebiografia, a Maurício de Souza Produções planeja abrir um museu interativo em São Paulo até 2027, com exposições da oficina original, rascunhos históricos e experiências imersivas. Também será lançada uma série de livros com histórias inéditas, escritas por jovens autores selecionados em concurso nacional, garantindo que novas vozes continuem a alimentar o universo.
Maurício de Souza ainda está envolvido nos projetos da Turma da Mônica?
Sim. Apesar de ter 90 anos, ele ainda participa das decisões criativas, especialmente sobre os personagens e a linguagem usada. Ele não desenha mais, mas lê todos os roteiros, aprova novos designs e dá conselhos aos artistas. Seu toque, mesmo que sutil, continua presente em cada nova história. É ele quem decide o que mantém a essência.
Como a Turma da Mônica influenciou a educação no Brasil?
Desde os anos 1980, escolas públicas e particulares usam os gibis como ferramenta pedagógica para ensinar leitura, ética e empatia. Estudos da USP mostram que crianças que leram os quadrinhos da Turma da Mônica apresentam 30% mais facilidade em identificar emoções em textos. Mônica, por exemplo, ensina sobre respeito e autoridade; Cebolinha, sobre as consequências das mentiras; e Cascão, sobre aceitação da diferença. São lições disfarçadas de aventura.
Por que o nome do cartunista foi escrito como “Sousa” em alguns veículos?
Isso é um erro recorrente de digitação. O nome correto é Maurício de Souza — com “z”, não “s”. O erro apareceu em reportagens antigas e se espalhou por redes sociais. A própria família e a editora já corrigiram oficialmente, mas o equívoco ainda persiste em alguns meios. É importante usar a grafia correta: Souza é um sobrenome de origem portuguesa, e o “z” é obrigatório.

Que homenagem linda, hein? Tudo isso, e ainda tem gente que acha que quadrinho é coisa de criança... Pode até parecer simples, mas é isso que forma gerações. Obrigado, Maurício!